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Arquitetos: Planta
- Área: 1000 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Javier Agustín Rojas
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Fabricantes: Adobe, AutoDesk, FV, McNeel, PreNova, Trimble
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto do Edifício Commodore nasce em resposta a duas condicionantes principais: o desejo do cliente por um condomínio de “apartamentos jardins”, como pelas limitações impostas pelo antigo código de obras da cidade de Buenos Aires. Dito código, regulamentava um instrumento chamado de FOT, ou Fator de Ocupação do Terreno: um índice que, multiplicado pela superfície do terreno, determina a quantidade máxima de metros quadrados vendáveis de um lote urbano. O preço do terreno é então fixado em razão do seu fator FOT. Acontece que este cálculo não considera as superfícies abertas descobertas como áreas vendáveis, beneficiando alguns proprietários que, inteligentemente, podem comercializar uma área pela qual eles não precisaram pagar sequer um único tostão. O edifício encontra-se implantado sobre um lote de duas frentes com 45 metros de profundidade, conectado em uma de suas extremidades a um amplo e arborizado bulevar. A proporção alongada do terreno permitiu a criação de extensas varandas ao largo do edifício, resultando em fachadas amplas e bem iluminadas. Conceitualmente, o Edifício Commodore é o resultado da sobreposição de uma série de diferentes volumes, varandas e jardins.
Além de multiplicar a área de fachada do edifício, esta estratégia formal nos permitiu criar através de uma série de terraços a medida que o edifício vai sendo escalonado para se obter o máximo de horas de sol por dia durante o ano. A sua vez, os volumes salientes de chapa servem como elementos de conexão entre o interior e o exterior, proporcionando uma maior versatilidade aos espaços semi-cobertos que dão acesso aos pátios privativos.
As unidades do primeiro pavimento contam com um generoso pátio elevado na parte posterior do terreno, enquanto que as unidades do segundo pavimento desfrutam de áreas verdes privativas na cobertura. Desta maneira, os jardins vão se desdobrando sobre o volume de forma a criar uma área verde continua que integra e complementa as diferentes unidades. Uma delas conta com uma árvore em sua varanda, duas delas contam com um gramado no pátio, e outras duas com uma jacuzzi. Além disso, a medida que o edifício ganha altura as unidades vão sendo reduzidas em área, proporcionando melhores condições de iluminação e ventilação do edifício como um todo. A silhueta do edifício foi desenhada em resposta aos edifícios contíguos, integrando-se à paisagem urbana na qual está inserido. Desde a fase de concepção do projeto, procuramos desenvolver uma tipologia que fosse capaz de promover um novo estilo de vida mais livre e conectado com a natureza ainda que no coração de uma região metropolitana como a da cidade de Buenos Aires – com tudo o que isso significa. A liberdade de não precisar de um veículo particular para se locomover e sem a necessidade de morar longe de tudo para ter acesso à natureza e a segurança.
Técnicamente, as paredes exteriores contam com uma dupla camada de isolamento: o acabamento de chapa branca favorece a reflexão dos raios de sol enquanto a parede de tijolos interior, com uma câmara de ar entre as duas faces, permitindo a circulação do ar entre as paredes. Na cobertura, o edifício conta com um jardim que proporciona uma camada de isolamento extra de 10 cm. Além disso, a cobertura verde retarda o fluxo das água pluviais, amenizando o impacto imediato das águas da chuva na rede de pública de drenagem. Uma pérgola com trepadeiras serve para sombrear a fachada protegendo as unidades da incidência direta dos raios de sol. Todas estas estratégias juntas permitem criar um microclima capaz de amenizar a temperatura no interior do edifício. A água da chuva recolhida na cobertura é reutilizada para a limpeza e irrigação do jardim.